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26 de fevereiro de 2010

A Entrada da Baía de Guanabara - ontem e hoje

Quando Cabral desembarcou por aqui há mais de 500 anos trás, fazer uma viagem marítima da Europa para o Brasil não erá fácil. Na verdade era um aventura "marítima", termo que até hoje é usado pelos marítimos mais antigos.

Pelas pesquisas históricas feitas por Eduardo Bueno, naquela época de cada três pessoas que embarcavam em uma caravela apenas uma regressava ao porto de origem. A maioria morria durante a viagem. As condições da viagem eram péssimas.

 Para quem não tem idéia do que era uma caravela (o "navio") da época segue a foto de uma réplica de uma caravela usada no descobrimento do Brasil.

Pois bem, nesse barco menor do que muito iates de hoje em dia, viajavam mais de 100 homens em condições precárias ou sem nenhuma higiene, com falta de alimentos frescos e água potável. Num ambiente desses as doenças matavam muito.

Somando a fragilidade da caravela para enfrentar mares tempestuosos explica-se o alto índice de mortes nas viagens marítimas da época.

Salvo aventureiros e pessoas procurando fortuna, a maior parte dos tripulantes era de presos, degredados e outros do mesmo tipo. Ou seja nínguem queria viajar ou quando viajava procurava fazer o menor percurso possível. E o Rio é um percurso muito mais longo para a Europa do que Recife, por exemplo.

No entanto, até mesmo antes da descoberta do ouro em Minas Gerais no século XVIII o Rio já tinha um certo destaque como bem mostram as invasões francesas. Como explicar isso ?

A explicação passa pela Baía de Guanabara...
  • "Toda a terra deste rio he de montanhas e serras muy altas. As melhores águas há neste rio que podem ser." (Pero Lopes de Sousa. Diário de Navegação. 1531) ;
  • ."..dentro da barra tem uma baía que bem parece que a pintou o supremo pintor arquiteto do mundo, Deus Nosso Senhor. "(Padre Fernão Cardim, fins do século XVI)
A Baía de Guanabara é considerada um dos melhores portos do mundo para navios, devido as montanhas em sua volta, que formam um abrigo natural. Nada melhor do que isso para abrigar e reparar os navios frágeis daquela época.

Toda a história do Rio aconteceu as margens da Baía. Se não existisse ela o Rio seria uma cidade muito menor e com certeza não se chamaria Rio de Janeiro. O Rio só tem esse nome porque a Baía foi descoberta em Janeiro de 1502 pelos navegadores portugueses que a confundiram com a foz de um grande rio, chamando-a de "rio de Janeiro".

Nada mais justo do que prestar uma homenagem fotográfica à Baía de Guanabara, atualmente tão maltratada por nós, mas que foi a razão de existir da cidade do Rio de janeiro.

A foto ao lado, de Marc Ferrez tirada em 1880, mostra um navio(?) entrando na Baía. Sua majestosa entrada, dominada pelo Pão de Açúcar e defendida pelas históricas fortalezas de Santa Cruz e de São João. Ao pé do Pão de Açúcar, a praia onde Estácio de Sá fundou o primeiro arraial da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Por trás da ponta do Morro Carra de Cão, a Praia de Botafogo, dominada pelo Corcovado.

A título de comparação procurei tirar uma foto de um ângulo próximo ao dessa, no Parque da Cidade, em Niterói, mostrando como foi a evolução do cenária urbano nesses 130 anos:


3 de fevereiro de 2010

O Pavilhão Mourisco - o motivo porque chamamos de Mourisco um pedaço de Botafogo

Hoje no Rio duas construções são lembradas como o "Pavilhão Mourisco". A mais recente é o castelo da Fundação Oswaldo Cruz em Mangunhos.

Nesse post me refiro a mais antiga, que ficava em Botafogo, no fim da Avenida Beira-Mar, na Praia de Botafogo, defronte à Rua Voluntários da Pátria. Projetado pelo arquiteto Burnier, foi construído na administração do prefeito Francisco Pereira Passos.

Deveria ser uma casa de música, mas nunca passou de um simples bar e restaurante. Seu estilo era tipicamente neo-persa, nada tendo de mourisco, como vulgar e erradamente foi denominado.


A foto mostra o Pavilhão em 1907. O edifício era coberto por cinco cúpulas douradas. Duas escadas de mármore davam acesso às varandas do primeiro pavimento. Nas colunas ao lado das entradas e no teto decorado liam-se numerosas inscrições árabes. No porão alto ficavam as cozinhas, a despensa e a adega.

É importante observar, ainda, que o Pavilhão Mourisco, por iniciativa de Cecília Meireles, por volta da década de 1930, abrigou uma biblioteca infantil que, além do salão de leitura, tinha um setor de manualidades (modelagem, pintura, desenho), um de brinquedos e jogos, além de uma sessãozinha de cinema toda quinta-feira.  Foi um dos projetos mais ambiciosos da reforma de Anísio Teixeira.

Apesar de toda a iniciativa de Cecília Meireles, a biblioteca teve os seus dias contados. Com a demissão de Anísio, em 1935, a biblioteca teve dificuldades em continuar existindo. Em 1937, em plena vigência do Estado Novo, o Centro foi invadido pelo interventor do Distrito Federal. O fechamento deveu-se ao fato de que a biblioteca teria no seu acervo um livro de conotações comunistas, cujas idéias eram perniciosas ao público infantil. Tratava-se d’As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain.

A experiência do Mourisco, apesar de sua breve duração, representou a semente que mais tarde frutificou na criação das seções infantis das bibliotecas públicas e de bibliotecas infantis no Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios brasileiros.

O pioneirismo desse empreendimento se resume ao fato dessa biblioteca possuir características antes nunca vistas no Brasil. Na época havia bibliotecas que jamais permitiam a entrada de crianças, outras que somente consentiam o acesso de menores acompanhados dos pais. A biblioteca do Mourisco foi além. Não somente estimulava a freqüência de crianças como mantinha os livros ao alcance das mesmas, novidade sequer tentada nas bibliotecas freqüentadas por adultos.

O prédio do Mourisco se transformou rapidamente num ponto de coleta de impostos, ficou abandonado por vários anos para ser totalmente demolido em 1952, durante a construção do Túnel do Pasmado.

O local abrigou durante quase trinta anos uma sede para os esportes olímpicos do Botafogo Futebol e Regatas, conhecida como a sede do Mourisco, resultado de um acordo entre a Prefeitura e o clube, que precisou desocupar a área para a obra do túnel. Na década de 90, outro acordo com o Botafogo e, em 1998, foi inaugurado o Centro Empresarial Mourisco, uma prédio espelhado, onde hoje se encontram as as sedes de várias empresas, salas comerciais e garagens.



Essa é a origem do nome Mourisco, porque uma parte do bairro de Botafogo é conhecida até hoje.

A volta do bonde de burros: será uma solução para o problema do metrô e trem no Rio?

Que os  serviços do metrô e do trem estão abaixo da crítica, no momento, poucos cariocas discutem. Calor, atrasos, quebras esses são problemas que os usuários convivem quase que diariamente.

Lendo alguns jornais relatando esses problemas lembrei-me de uma foto que guardo para um post. E essa é a hora de publicar. Talvez seja uma parte da solução deles...


Houve bondes puxados por burros, no Rio, na época em que era a Capital Federal, até o ano de 1928.

Pertenciam à extinta "Linha Circular Suburbana de Tramways" e faziam o percurso entre os subúrbios de Madureira e Irajá - hoje mal atendidos pelos serviços do trem e metrô

A foto mostra um dos últimos bondes desse tipo a desaparecer das ruas do Rio de Janeiro

Agora voltando aos problemas que hoje se abatem sobre o metrô e trem ressalto que discutir porque estão assim não é o objetivo desse nosso blog mas não podemos deixar de dar uma "espetadinha" em algumas de nossas autoridades que "não admitem coisa alguma".

Hoje a autoridade a ser "espetada" é o nosso governador, Sérgio Cabral, o homem que parece administrar o estado do Rio de Janeiro de Paris, dada a frequência de viajens que ele faz para essa cidade (e outras mais também para ser justo...).

Pois bem, cabe ao Governado Sérgio Cabral fiscalizar os serviços do metrô e cobrar até mesmo na justiça a qualidade necessária. E pelos problemas apresentados ela não está sendo bem feita...

Aí vamos descobrir que o escritório de advogados que defende o metrô tem como sócia a....esposa do Governador. Ilegal aparentemente não é mas é imoral com certeza. Será que dessa vez o Governador Sérgio Cabral vai admitir?

Talvez seja muito difícil mesmo fiscalizar a qualidade dos serviços do metrô do Rio em Paris e com a esposa sendo sócia do escritório de advogados que defende a empresa na justiça, inclusive contra a fiscalização do marido, o Governador Sérgio Cabral...