Links

15 de dezembro de 2010

Flamengo, antes, durante e depois do aterro

Alguns lugares do Rio de Janeiro são difíceis de imaginar sem as enormes intervenções urbanas que sofreram ao longo da história. Um deles, com certeza, é o bairro do Flamengo.

Segundo informações coletadas na Wikipedia “a orla original apresentava uma conformação recortada, com pequenas enseadas aqui e ali, como a Praia do Russel (na altura do atual Hotel Glória), ou o Saco do Alferes.”

Ainda segundo a Wikipedia “as primeiras obras de aterramento da região remontam ao início do século 20, quando foram construídas a Avenida Beira-Mar, a Praça Paris e a avenida da Praia do Flamengo. O desmonte gradual doMorro do Castelo forneceu material para novos aterros na região central, como o do Aeroporto Santos-Dumont.

Consegui uma foto do Flamengo em 1950 que mostra algumas das mudanças acima mas não o aterro, tal como hoje o conhecemos:

flamengo sem aterro em 1950

o Aterro do Flamengo tal como o conhecemos hoje foi construído com o material oriundo do desmanche do morro de Santo Antônio. O morro abrangia parte da atual Avenida República do Chile, com limites ao longo das Ruas do Lavradio, Carioca, Senador Dantas e Evaristo da Veiga.

O interessante é que no morro do Santo Antônio surgiu uma da primeiras favelas cariocas tal como no morro da Providência. Hoje se pode ver vestígios do morro olhando do Largo da Carioca para o prédio do BNDES – a elevação segue até a Rua do Lavradio.

Na década de 1950, a maior parte do morro foi destruída para fornecer material para um aterro, na época destinado às cerimônias do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional. Essa área posteriormente foi ocupada pelo Monumento aos Pracinhas e pelo Museu de Arte Moderna.

A foto abaixo é do final da década de 1950 mostrando a construção do Monumento aos Pracinhas bem como dos primórdios do parque do Flamengo.

Aterro em obras em 1960

Anos depois foi executada a parte principal do aterro. O entulho retirado do morro foi sendo despejado no mar, formando desde o pontal do Calabouço até o Morro da Viúva uma comprida restinga de pedras, formando uma laguna que a seguir foi aterrada, formando o que hoje conhecemos como a Praia do Flamengo.

Não havia previsão da construção de de um parque, apenas de vias expressas. Atribui-se a mudança dos planos, para a construção de um parque à à paisagista Carlota de Macedo Soares, amiga do governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda.

E felizmente foi feito – hoje temos um parque urbano belíssimo:

Aterro do Flamengo atual

30 de novembro de 2010

Copacabana antiga em cinco tempos – Posto Seis

De vez em quando tomo um chopp no Sindicato do Chopp do Posto Seis, no Eclipse ou então uma cerveja no bar/ botequin “Bunda de Fora”, pontos bastante conhecidos em Copacabana.

Não são baratos esses locais; em compensação, a quantidade de pessoas diferentes que você tem a oportunidade de conversar costuma justificar os reais a mais gastos nessas incursões etílicas.

Nessas incursões, nunca me canso de admirar como Copacabana é um bairro “transitório”, se é essa a expressão correta. Nada é definitivo: não foi no passado, não é no presente e provavelmente não será no futuro…

Veja se você concorda observando as mudanças do Posto Seis…

Posto Seis no século XIX – data não conhecida

image

Posto Seis nas primeira década do século XX

image

Posto Seis na década de 30

[copacabanaposto6_decada_30.jpg]

Posto Seis atualmente

image

Posto Seis em 2050…

image

Praia de Copacabana e Praia do Leme ?

Hoje não há sentido físico (geográfico) para dividir a e extensão de areia que vai que do posto Seis ao Leme em duas praias, como conhecemos: Praia de Copacabana e Praia do Leme. É muito mais uma questão de cultura do que algum obstáculo geográfico que justifique essa divisão.

Mas nem sempre foi assim. Já houve, pelo menos na maré cheia, uma clara divisão da praia de Copacabana para a do Leme e essa divisão era feita pelas pedras do Inhangá que ficavam na altura de onde hoje é a Rua Rodolfo Dantas.

image

A foto acima foi tirada da encosta do morro do Leme, em data incerta, mas com certeza bem antiga.

Praia de Botafogo e Morro da Viúva

Muitas áreas do Rio seriam completamente diferentes se não tivesse acontecido vários aterros na Baía de Guanabara.

Sobre essa perspectiva a praia de Botafogo seria bastante diferente e também o acesso a praia do Flamengo por ela.

A foto abaixo é da praia de Botafogo em 1907, uma enseada cujo nome original foi “Le Lac”, dado pelos franceses. Somente a partir de 1641 passou a ter o nome atual por ali ter residido João Pereira de Souza Botafogo, dono da fazenda que se estendia até a lagoa Rodrigo de Freitas.

 

image

Nessa época, quem tentasse contornar o Morro da Viúva para chegar a praia do Flamengo não conseguiria (hoje seria seguir pela Av. Rui Barbosa). Havia uma enorme pedreira no caminho…

image

Sem os aterros da Baía de Guanabara, Botafogo e Flamengo seriam completamente diferentes.

Se para melhor ou pior, é uma questão que deixo aberto para debates…

Cemitério dos ingleses e Gamboa - 1840

Quando pensamos em cemitério dificilmente nos vem boas recordações ou a imagem de um lugar “bonito”. Algo bastante compreensível e normal.

Mas a julgar pela foto abaixo de 1840, o Cemitério dos Ingleses tinham uma bela visão da Baía de Guanabara, sem os tantos aterros que ela sofreu. O local era conhecido como Saco (ou enseada) do Gamboa.

O Cemitério dos Ingleses fica na Rua da Gamboa 181 e até bem pouco tempo convivia com a violência do tráfico de drogas do Morro da Providência. Infelizmente eram normais sepultamentos serem interrompidos por tiroteios e muitos túmulos tem marcas de balas.

É o cemitério mais antigo do Rio de Janeiro, tendo o primeiro sepultamento ocorrido em 15 de janeiro de 1811.

image

Uma foto atual do Cemitério dos Ingleses, com construções do Morro da Providência muito próximas do seu muro delimitador.

image

7 de outubro de 2010

Deus deve ser mesmo carioca…

O autor (meio desaparecido…) desse blog resolveu conferir um novo point na cidade, um bar na Urca onde se bebe uma maravilhosa Bohemia, sentado na mureta e com uma encantadora visão da Baía de Guanabara (infelizmente não muito barato… – nem tudo é perfeito!).

Por um vício antigo, de andar sempre cum uma máquina fotográfica, e após alguns copos, atentei para um detalhe que não tenho certeza se o arquiteto de um novo conjunto de prédios na Avenida Chile projetou intencionalmente ou foi obra do  acaso.

Torço que tenha sido obra do acaso, pois justificaria a frase: “Se Deus é brasileiro, com certeza é carioca!”*.

Reparem a cruz formada pelos dois novos prédios da Avenida Chile !

P1000902

*A frase correta é “Se Deus é brasileiro, com certeza é carioca e torcedor do Flamengo” mas face ao caos que está a administração do Mengão, preferi não mencionar o fim da frase para não envergonhar a Deus…

14 de maio de 2010

Leblon em 1900 - Ah se eu pudesse voltar no tempo

A série "Ah se eu pudesse voltar no tempo..." mostra a obra de um artista por quem tenho grande admiração, Eduardo Camões.

Eduardo Camões pinta paisagens do Rio antigo com base em pesquisas de fotos antigas. Considero seus quadros obras-primas que nos fazem ter vontade de conhecer um Rio de antigamente. Existe muito a falar do artista e da pessoa mas para quem quer conhecê-lo melhor aconselho a visita ao site do artista Eduardo Camões

O imagem abaixo é uma foto do quadro retratando o Leblon em 1900:



Você pode se informar sobre a aquisição de quadros do artista em seu próprio site.

Arpoador em 1902 - Ah se eu pudesse voltar no tempo...

A série "Ah se eu pudesse voltar no tempo..." mostra a obra de um artista por quem tenho grande admiração, Eduardo Camões.

Eduardo Camões pinta paisagens do Rio antigo com base em pesquisas de fotos antigas. Considero seus quadros obras-primas que nos fazem ter vontade de conhecer um Rio de antigamente. Existe muito a falar do artista e da pessoa mas para quem quer conhecê-lo melhor aconselho a visita ao site do artista Eduardo Camões

O imagem abaixo é uma foto do quadro retratando o Arpoador em 1902:



Você pode se informar sobre a aquisição de quadros do artista em seu próprio site.

Ipanema e Leblon em 1904 - Ah se eu pudesse voltar no tempo...

A série de postagens que se iniciam por essa é intitulada "Ah se eu pudesse voltar no tempo..." . Essa série mostra a obra de um artista por quem tenho grande admiração, Eduardo Camões.

Eduardo Camões pinta paisagens do Rio antigo com base em pesquisas de fotos antigas. Considero seus quadros obras-primas que nos fazem ter vontade de conhecer um Rio de antigamente. Existe muito a falar do artista e da pessoa mas para quem quer conhecê-lo melhor aconselho a visita ao site do artista Eduardo Camões

O imagem abaixo é uma foto do quadro retratando o Leblon e Ipanema em 1904:


Você pode se informar sobre a aquisição de quadros do artista em seu próprio site

Vida de "blogueiro" não é fácil no Brasil...

Outro dia recebi uma reclamação que minhas postagens de fotos sobre o Rio antigo andam ficando escassas...

Pois é, tive de concordar !

Ando batalhando em alguns negócios meus e meu tempo está curto. Infelizmente ainda não dá para viver de blogs no Brasil por isso não posso deixar de me dedicar as minhas outras atividades para postar aqui.

Agora, da metade de maio em diante, retomarei-as.

Deixo uma foto do que ainda é ser um blogueiro profissional do Brasil. A realidade é que ainda estamos muito distantes de blogs como Techcrunch, Gizmodo, The Huffington Post todos dos EUA.




4 de abril de 2010

Cristo Redentor, antes no morro do Corcovado havia um mirante

O Cristo Redentor, símbolo do Brasil no exterior tal como é a Estátua da LIberdade no Estados Unicos foi inaugurado em 13 de outubro de 1931.

A construção de um monumento religioso no local foi sugerida pela primeira vez em 1859, pelo padre lazarista Pedro Maria Boss, à Princesa Isabel. No entanto, apenas retomou-se efetivamente a idéia em 1921, quando se iniciavam os preparativos para as comemorações do centenário da Independência.

A estrada de rodagem que dá acesso ao local onde hoje se situa o Cristo Redentor foi construída em 1824, no Silvestre. Já a estrada de ferro teve o primeiro trecho (Cosme Velho-Paineiras) inaugurado em 1884. No ano seguinte, 1885, o segundo trecho foi concluído, completando a ligação com o cume. A ferrovia, que tem 3800 metros de extensão, foi a primeira ser eletrificada no Brasil, em 1906.

Sua construção teve várias controvérias, a maior delas com a Igreja Batista. Em 22 de março de 1923, seguidores da Igreja Batista declararam em nota publicada em O Jornal Batista, órgão oficial da Convenção Batista Brasileira, seu desgosto quanto à construção do Cristo Redentor. A nota afirmava que a construção "será a um tempo um atestado eloqüente de idolatria da igreja de Roma."

O fato é que a Igreja Católica manteve-se firme em defesa da construção do Cristo e ele foi erguido.

Originalmente em seu lugar havia um mirante. Não é a toa que muito antes da contrução dele já havia uma estrada e uma ferrovia para acesso ao morro do Corcovado. Abaixo a foto do mirante original.


Operação choque de ordem em ....1950

A Prefeitura do Rio continua com um grande apetite em rebocar carros nas ruas do Rio de Janeiro. É a chamda operação choque de ordem que tem a finalidade de colocar em ordens as ruas do Rio e como benefício colateral abastecer o caixa da prefeitura com as multas.

Pesquisando algumas fotos antigas encontrei essa, em frente ao Maracanã, na década de 50. Quando a vi, me lembrei da operação choque de ordem...

16 de março de 2010

Vídeo comparando o Rio de hoje e ontem - muito bacana

Navegando pelo YouTube encontrei o vídeo abaixo, muito bacana, que mostra um local atual e fotos de como era antigamente.

Vale a pena conferir. Como dá um bom trabalho montar um vídeo desses, com certeza a autora ficará feliz recebendo comentários positivos no perfil dela no YouTube...

5 de março de 2010

Ponte Rio-Niterói - uma balzaquiana indispensável nos dias de hoje

Ontem, dia 04/03, ao ler alguns jornais, fui me dar conta que a Ponte Rio-Niterói estava completando aniversário. Infelizmente esqueci-me de dar-lhe os parabéns na hora, logo eu que antes da Lei Seca costumava semanalmente atravessá-la para tomar um chopp (mentira, um não, muitos...) com amigos e conhecidos de Niterói.

26 de fevereiro de 2010

A Entrada da Baía de Guanabara - ontem e hoje

Quando Cabral desembarcou por aqui há mais de 500 anos trás, fazer uma viagem marítima da Europa para o Brasil não erá fácil. Na verdade era um aventura "marítima", termo que até hoje é usado pelos marítimos mais antigos.

Pelas pesquisas históricas feitas por Eduardo Bueno, naquela época de cada três pessoas que embarcavam em uma caravela apenas uma regressava ao porto de origem. A maioria morria durante a viagem. As condições da viagem eram péssimas.

 Para quem não tem idéia do que era uma caravela (o "navio") da época segue a foto de uma réplica de uma caravela usada no descobrimento do Brasil.

Pois bem, nesse barco menor do que muito iates de hoje em dia, viajavam mais de 100 homens em condições precárias ou sem nenhuma higiene, com falta de alimentos frescos e água potável. Num ambiente desses as doenças matavam muito.

Somando a fragilidade da caravela para enfrentar mares tempestuosos explica-se o alto índice de mortes nas viagens marítimas da época.

Salvo aventureiros e pessoas procurando fortuna, a maior parte dos tripulantes era de presos, degredados e outros do mesmo tipo. Ou seja nínguem queria viajar ou quando viajava procurava fazer o menor percurso possível. E o Rio é um percurso muito mais longo para a Europa do que Recife, por exemplo.

No entanto, até mesmo antes da descoberta do ouro em Minas Gerais no século XVIII o Rio já tinha um certo destaque como bem mostram as invasões francesas. Como explicar isso ?

A explicação passa pela Baía de Guanabara...
  • "Toda a terra deste rio he de montanhas e serras muy altas. As melhores águas há neste rio que podem ser." (Pero Lopes de Sousa. Diário de Navegação. 1531) ;
  • ."..dentro da barra tem uma baía que bem parece que a pintou o supremo pintor arquiteto do mundo, Deus Nosso Senhor. "(Padre Fernão Cardim, fins do século XVI)
A Baía de Guanabara é considerada um dos melhores portos do mundo para navios, devido as montanhas em sua volta, que formam um abrigo natural. Nada melhor do que isso para abrigar e reparar os navios frágeis daquela época.

Toda a história do Rio aconteceu as margens da Baía. Se não existisse ela o Rio seria uma cidade muito menor e com certeza não se chamaria Rio de Janeiro. O Rio só tem esse nome porque a Baía foi descoberta em Janeiro de 1502 pelos navegadores portugueses que a confundiram com a foz de um grande rio, chamando-a de "rio de Janeiro".

Nada mais justo do que prestar uma homenagem fotográfica à Baía de Guanabara, atualmente tão maltratada por nós, mas que foi a razão de existir da cidade do Rio de janeiro.

A foto ao lado, de Marc Ferrez tirada em 1880, mostra um navio(?) entrando na Baía. Sua majestosa entrada, dominada pelo Pão de Açúcar e defendida pelas históricas fortalezas de Santa Cruz e de São João. Ao pé do Pão de Açúcar, a praia onde Estácio de Sá fundou o primeiro arraial da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Por trás da ponta do Morro Carra de Cão, a Praia de Botafogo, dominada pelo Corcovado.

A título de comparação procurei tirar uma foto de um ângulo próximo ao dessa, no Parque da Cidade, em Niterói, mostrando como foi a evolução do cenária urbano nesses 130 anos:


3 de fevereiro de 2010

O Pavilhão Mourisco - o motivo porque chamamos de Mourisco um pedaço de Botafogo

Hoje no Rio duas construções são lembradas como o "Pavilhão Mourisco". A mais recente é o castelo da Fundação Oswaldo Cruz em Mangunhos.

Nesse post me refiro a mais antiga, que ficava em Botafogo, no fim da Avenida Beira-Mar, na Praia de Botafogo, defronte à Rua Voluntários da Pátria. Projetado pelo arquiteto Burnier, foi construído na administração do prefeito Francisco Pereira Passos.

Deveria ser uma casa de música, mas nunca passou de um simples bar e restaurante. Seu estilo era tipicamente neo-persa, nada tendo de mourisco, como vulgar e erradamente foi denominado.


A foto mostra o Pavilhão em 1907. O edifício era coberto por cinco cúpulas douradas. Duas escadas de mármore davam acesso às varandas do primeiro pavimento. Nas colunas ao lado das entradas e no teto decorado liam-se numerosas inscrições árabes. No porão alto ficavam as cozinhas, a despensa e a adega.

É importante observar, ainda, que o Pavilhão Mourisco, por iniciativa de Cecília Meireles, por volta da década de 1930, abrigou uma biblioteca infantil que, além do salão de leitura, tinha um setor de manualidades (modelagem, pintura, desenho), um de brinquedos e jogos, além de uma sessãozinha de cinema toda quinta-feira.  Foi um dos projetos mais ambiciosos da reforma de Anísio Teixeira.

Apesar de toda a iniciativa de Cecília Meireles, a biblioteca teve os seus dias contados. Com a demissão de Anísio, em 1935, a biblioteca teve dificuldades em continuar existindo. Em 1937, em plena vigência do Estado Novo, o Centro foi invadido pelo interventor do Distrito Federal. O fechamento deveu-se ao fato de que a biblioteca teria no seu acervo um livro de conotações comunistas, cujas idéias eram perniciosas ao público infantil. Tratava-se d’As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain.

A experiência do Mourisco, apesar de sua breve duração, representou a semente que mais tarde frutificou na criação das seções infantis das bibliotecas públicas e de bibliotecas infantis no Rio de Janeiro, São Paulo e outros municípios brasileiros.

O pioneirismo desse empreendimento se resume ao fato dessa biblioteca possuir características antes nunca vistas no Brasil. Na época havia bibliotecas que jamais permitiam a entrada de crianças, outras que somente consentiam o acesso de menores acompanhados dos pais. A biblioteca do Mourisco foi além. Não somente estimulava a freqüência de crianças como mantinha os livros ao alcance das mesmas, novidade sequer tentada nas bibliotecas freqüentadas por adultos.

O prédio do Mourisco se transformou rapidamente num ponto de coleta de impostos, ficou abandonado por vários anos para ser totalmente demolido em 1952, durante a construção do Túnel do Pasmado.

O local abrigou durante quase trinta anos uma sede para os esportes olímpicos do Botafogo Futebol e Regatas, conhecida como a sede do Mourisco, resultado de um acordo entre a Prefeitura e o clube, que precisou desocupar a área para a obra do túnel. Na década de 90, outro acordo com o Botafogo e, em 1998, foi inaugurado o Centro Empresarial Mourisco, uma prédio espelhado, onde hoje se encontram as as sedes de várias empresas, salas comerciais e garagens.



Essa é a origem do nome Mourisco, porque uma parte do bairro de Botafogo é conhecida até hoje.

A volta do bonde de burros: será uma solução para o problema do metrô e trem no Rio?

Que os  serviços do metrô e do trem estão abaixo da crítica, no momento, poucos cariocas discutem. Calor, atrasos, quebras esses são problemas que os usuários convivem quase que diariamente.

Lendo alguns jornais relatando esses problemas lembrei-me de uma foto que guardo para um post. E essa é a hora de publicar. Talvez seja uma parte da solução deles...


Houve bondes puxados por burros, no Rio, na época em que era a Capital Federal, até o ano de 1928.

Pertenciam à extinta "Linha Circular Suburbana de Tramways" e faziam o percurso entre os subúrbios de Madureira e Irajá - hoje mal atendidos pelos serviços do trem e metrô

A foto mostra um dos últimos bondes desse tipo a desaparecer das ruas do Rio de Janeiro

Agora voltando aos problemas que hoje se abatem sobre o metrô e trem ressalto que discutir porque estão assim não é o objetivo desse nosso blog mas não podemos deixar de dar uma "espetadinha" em algumas de nossas autoridades que "não admitem coisa alguma".

Hoje a autoridade a ser "espetada" é o nosso governador, Sérgio Cabral, o homem que parece administrar o estado do Rio de Janeiro de Paris, dada a frequência de viajens que ele faz para essa cidade (e outras mais também para ser justo...).

Pois bem, cabe ao Governado Sérgio Cabral fiscalizar os serviços do metrô e cobrar até mesmo na justiça a qualidade necessária. E pelos problemas apresentados ela não está sendo bem feita...

Aí vamos descobrir que o escritório de advogados que defende o metrô tem como sócia a....esposa do Governador. Ilegal aparentemente não é mas é imoral com certeza. Será que dessa vez o Governador Sérgio Cabral vai admitir?

Talvez seja muito difícil mesmo fiscalizar a qualidade dos serviços do metrô do Rio em Paris e com a esposa sendo sócia do escritório de advogados que defende a empresa na justiça, inclusive contra a fiscalização do marido, o Governador Sérgio Cabral...

26 de janeiro de 2010

Largo de São Francisco em 1890

Quem hoje vai ao centro da cidade percebe a "aridez" urbana que tomou conta do Largo de São Francisco. Sujo e mal cuidado em nada reflete a aparência que tinha em 1890, conforme a foto de Marc Ferrez.



A estátua de José Bonifácio, do escultor francês Luiz Rochet, existente até os dias atuais era rodeada por um belo jardim. Ao fundo podemos ver a fachada do atual Instituto de Ciências Sociais da UFRJ, onde antigamente funcioanava a Escola Politécnica


25 de janeiro de 2010

Os mijões das ruas - o futuro repetindo o passado na sujeira urbana

Para quem desconhece o passado o futuro tende a repetí-lo... Uma estranha forma de começar esse post mas no Rio essa vem sendo a verdade em pelo menos um aspecto.

Uma das mais frequentes queixas que os estrangeiros fazem a cidade do Rio é a sujeira. Lixo mesmo e pessoas urinando nas ruas... E com a aproximação do carnaval o "bloco do mijões sempre ganha mais e mais foliões". Na verdade o mijão de rua faz parte do folclore do Rio.

Mais um prefeito, agora o Eduardo Paes e sua operação choque de ordem, diz que vai combater os mijões. Ora muitos prefeitos anteriores já afirmaram isso e tentaram mas vamos ser sinceros, sem nenhum sucesso ! E será por arrogância ou por estarem próximos a um banheiro ?

Se andarmos pelas praias da Barra, Ipanema, e Leblon e Copacabana (fora as demais que não cito...)constataremos que todos os quiosques e vários ambulantes vendem cerveja e outras bebidas alcoólicas. Cerveja é diurético e quem bebe algumas com certeza irá precisar de um banheiro. Aí começa o drama: salvo partes da praia de Copacabana com novos quiosques, só existem banheiros (e apenas um masculino e feminino, com uma pessoa por vez) nos postos de salvamento que ficam a 800 metros um do outro. Ou seja, alguém "apertado"  precisará andar até 400 metros e somente se der muita sorte encontrará o banheiro vazio.

Um homem vendo aquele coqueiro "discreto e amigo" provavelmente não pensará duas vezes no que fazer. Já uma mulher ficará em maus lençois. O autor desse post inclusive conhece várias que não bebem na praia devido a falta de banheiro. Nem sempre estão com trajes apropriados para dar aquele "salvador mergulho no mar"...

Pois bem: como combater os mijões se não há banheiros públicos nas praias (e outros lugares) em quantidade suficiente e limpos ? Essa pergunta deveria ser óbvia na cabeça de nossos prefeitos mas parece que salvo alguns, sempre houve um bloqueio coletivo

No entanto, já houve prefeitos no Rio que se preocuparam com a falta de banheiros públicos. A foto abaixo é de 1923, na praia de Copacabana, e mostra uma série de cabines de madeira, permanentes, dotadas de sanitários, para moças trocarem de roupa e irem a praia - uma solução bastante digna para a tecnologia da época. Havia também cabines para homens.



Estranhamente essas cabines sumiram e, salvo os novos quiosques de Copacabana, os banheiros públicos nas praias continuaram limitados aos postos.


Recentemente e apenas em caráter eventual, quando ocorrem shows, a prefeitura instala cabines químicas como as da foto ao lado.

Reparem que até a aparência dessas cabines atuais é semelhante as da foto de 1923.

Só falta nossos prefeitos perceberem que essas cabines (ou outra solução adequada) tem que ser instaladas em caráter permanente nas praias e no resto da cidade, como Alaor Prata o fez em 1923 quando na prefeitura.

Na maior parte do passado não houve essas cabines e os mijões proliferaram. Se o nosso atual prefeito desconhecer isso, estará condenado a repetí-lo e não dará jeito nos mijões...

12 de janeiro de 2010

Barra, perto da Avenida Ayton Senna em 1930, e hoje

Ao ver a foto abaixo da década de 1930, de um local perto da cruzamento da atual Avenida Ayrton Senna com a Avenida das Américas, tentei procurar através do Google Imagens uma foto atual do mesmo local.

Não consegui. Mas não me dei por vencido. Fui no Google Earth e capturei uma imagem, com um  posicionamento parecido com o original do fotógrafo dessa foto ao lado.

Me surpreendi com a transformação porque passou esse local em cerca 70 anos.

De poucas ou nenhuma construção na década de 1930 esse local hoje em dia é densamente povoado em suas proximidades, grande parte por favelas. A vegetação do morro em primeiro plano também ficou mais densa o que dificultou um pouco comparar as imagens.




Hoje, em volta desse morro temos as favelas do Canal do Anil, Araticun, Estrada do Sertão e Rio das Pedras.

Fato muitas vezes esquecido por uma suposta "elite" local, a Barra da Tijuca também é composta de favelas, muitas favelas na verdade. Talvez salvo a Urca e o Leblon (há controvérsias quanto a esse último pois muitos consideram a Cruzada São Sebastião uma favela...), todos os bairros do Rio enfrentam problemas de habitação que acabam resultando em favelas.

5 de janeiro de 2010

Tunel e o elevado do Joá ajudam a criar um novo estilo de vida na Barra

Chegar a Barra até o início dos anos 70, vindo da Zonal Sul, não era fácil e além disso demorado. O acesso só veio a se tornar rápido com a construção do tunel e do elevado do Joá na década de 1960 e início dos anos 1970.

As duas fotos dessa postagem são da década de 1960 e pertecem ao acervo Ayrton Luiz Gonçalves. Elas mostram a construção do viaduto sobre o canal da Joatinga para acesso ao tunel do Joá e a contrução do elevado.


Essas obras foram das do tipo que criam um novo estilo de vida no Rio.

Elas tornaram viável a implementação de grandes condomínios, começando por Nova Ipanema, Novo Leblon, Barramares, Atlântico Sul e muitos outros.

Para a cidade esses condomínios eram um novidade pois consistiam de uma mistura de áreas residenciais, clubes esportivos e áreas de lazer.

O sucesso desse novo estilo de vida resultou em uma explosão imobiliária na Barra que permanece até hoje.

Críticas existem para as gerações que nasceram e cresceram neles. Muitos dizem que elas praticamente desconhecem o restante da cidade, o que não deixa de ser verdade em muitos casos.

Da mesma forma que seriam alienados em relações a uma série de problemas sociais que o Rio enfrenta, como o crescente processo de favelização, por exemplo.


Não consigo me lembrar de nenhuma via atual que tenha essa característica de criar um novo estilo de vida tal como o elevado e o túnel do Joá ajudaram a fazer.

Fala-se muito de Lúcio Costa mas na verdade o primeiro planejamento oficial foi feito em 1951, prevendo a união dos dois extremos da Barra, chamado de Plano de Diretrizes para as Vias Arteriais da Planície de Jacarepaguá, a cargo do engenheiro Hermínio de Andrade e Silva.

Nesse plano as principais vias atuais da Barra já estavam contempladas. Em 1969 o arquiteto Lúcio Costa aproveitou quase totalmente o que previa o plano, para estabelecer as linhas gerais do Plano Piloto



Estrada do Joá na década de 1940 - um difícil acesso à Barra

Parece surpreendente ao carioca atual saber que o Recreio dos Bandeirantes foi "colonizado" antes da Barra da Tijuca. Afinal o Recreio ainda tem muitas ruas de terra enquanto a Barra já é muito mais urbanizada.

Mas a história não nos deixa mentir: a partir dos anos 1920 começaram a ser loteadas e vendidas glebas no Recreio. O que levou o pioneirismo do Recreio foi a maior facilidade de acesso pela estrada dos Bandeirantes, apenas reconhecida em 1947, mas que na verdade formou-se muito antes com a união de vários caminho tais como o de Curicica, Guaratiba, Vargem Pequena e Vargem Grande, existentes desde os tempos coloniais e utilizados para o escoamento da produção de açucar concentrada nas vargens. Era a única forma de se chegar ao Pontal

Na Barra, na extremidade oposta ao Pontal, o local conhecido como Barrinha era isolado e somente acessível, com muitas dificuldades pelas quase intransitáveis estradas de Furnas, Gávea e Joá. A foto abaixo mostra o aspecto da estrada do Joá na década de 1940.




É possível que devido a dificuldade de acesso, a Barrinha e a estrada do Joá tenham sido escolhidas para a construção de um grande número de motéis. Nesse caso, e ainda mais se tratando de pessoas conhecidas e/ ou comprometidas, quanto mais longe e menos frequentado um local melhor para servir de palco para aventuras amorosas...

Ainda demoraria muito para o Oswaldo e suas batidas entrarem no circuito da "night carioca"....