Links

26 de janeiro de 2010

Largo de São Francisco em 1890

Quem hoje vai ao centro da cidade percebe a "aridez" urbana que tomou conta do Largo de São Francisco. Sujo e mal cuidado em nada reflete a aparência que tinha em 1890, conforme a foto de Marc Ferrez.



A estátua de José Bonifácio, do escultor francês Luiz Rochet, existente até os dias atuais era rodeada por um belo jardim. Ao fundo podemos ver a fachada do atual Instituto de Ciências Sociais da UFRJ, onde antigamente funcioanava a Escola Politécnica


25 de janeiro de 2010

Os mijões das ruas - o futuro repetindo o passado na sujeira urbana

Para quem desconhece o passado o futuro tende a repetí-lo... Uma estranha forma de começar esse post mas no Rio essa vem sendo a verdade em pelo menos um aspecto.

Uma das mais frequentes queixas que os estrangeiros fazem a cidade do Rio é a sujeira. Lixo mesmo e pessoas urinando nas ruas... E com a aproximação do carnaval o "bloco do mijões sempre ganha mais e mais foliões". Na verdade o mijão de rua faz parte do folclore do Rio.

Mais um prefeito, agora o Eduardo Paes e sua operação choque de ordem, diz que vai combater os mijões. Ora muitos prefeitos anteriores já afirmaram isso e tentaram mas vamos ser sinceros, sem nenhum sucesso ! E será por arrogância ou por estarem próximos a um banheiro ?

Se andarmos pelas praias da Barra, Ipanema, e Leblon e Copacabana (fora as demais que não cito...)constataremos que todos os quiosques e vários ambulantes vendem cerveja e outras bebidas alcoólicas. Cerveja é diurético e quem bebe algumas com certeza irá precisar de um banheiro. Aí começa o drama: salvo partes da praia de Copacabana com novos quiosques, só existem banheiros (e apenas um masculino e feminino, com uma pessoa por vez) nos postos de salvamento que ficam a 800 metros um do outro. Ou seja, alguém "apertado"  precisará andar até 400 metros e somente se der muita sorte encontrará o banheiro vazio.

Um homem vendo aquele coqueiro "discreto e amigo" provavelmente não pensará duas vezes no que fazer. Já uma mulher ficará em maus lençois. O autor desse post inclusive conhece várias que não bebem na praia devido a falta de banheiro. Nem sempre estão com trajes apropriados para dar aquele "salvador mergulho no mar"...

Pois bem: como combater os mijões se não há banheiros públicos nas praias (e outros lugares) em quantidade suficiente e limpos ? Essa pergunta deveria ser óbvia na cabeça de nossos prefeitos mas parece que salvo alguns, sempre houve um bloqueio coletivo

No entanto, já houve prefeitos no Rio que se preocuparam com a falta de banheiros públicos. A foto abaixo é de 1923, na praia de Copacabana, e mostra uma série de cabines de madeira, permanentes, dotadas de sanitários, para moças trocarem de roupa e irem a praia - uma solução bastante digna para a tecnologia da época. Havia também cabines para homens.



Estranhamente essas cabines sumiram e, salvo os novos quiosques de Copacabana, os banheiros públicos nas praias continuaram limitados aos postos.


Recentemente e apenas em caráter eventual, quando ocorrem shows, a prefeitura instala cabines químicas como as da foto ao lado.

Reparem que até a aparência dessas cabines atuais é semelhante as da foto de 1923.

Só falta nossos prefeitos perceberem que essas cabines (ou outra solução adequada) tem que ser instaladas em caráter permanente nas praias e no resto da cidade, como Alaor Prata o fez em 1923 quando na prefeitura.

Na maior parte do passado não houve essas cabines e os mijões proliferaram. Se o nosso atual prefeito desconhecer isso, estará condenado a repetí-lo e não dará jeito nos mijões...

12 de janeiro de 2010

Barra, perto da Avenida Ayton Senna em 1930, e hoje

Ao ver a foto abaixo da década de 1930, de um local perto da cruzamento da atual Avenida Ayrton Senna com a Avenida das Américas, tentei procurar através do Google Imagens uma foto atual do mesmo local.

Não consegui. Mas não me dei por vencido. Fui no Google Earth e capturei uma imagem, com um  posicionamento parecido com o original do fotógrafo dessa foto ao lado.

Me surpreendi com a transformação porque passou esse local em cerca 70 anos.

De poucas ou nenhuma construção na década de 1930 esse local hoje em dia é densamente povoado em suas proximidades, grande parte por favelas. A vegetação do morro em primeiro plano também ficou mais densa o que dificultou um pouco comparar as imagens.




Hoje, em volta desse morro temos as favelas do Canal do Anil, Araticun, Estrada do Sertão e Rio das Pedras.

Fato muitas vezes esquecido por uma suposta "elite" local, a Barra da Tijuca também é composta de favelas, muitas favelas na verdade. Talvez salvo a Urca e o Leblon (há controvérsias quanto a esse último pois muitos consideram a Cruzada São Sebastião uma favela...), todos os bairros do Rio enfrentam problemas de habitação que acabam resultando em favelas.

5 de janeiro de 2010

Tunel e o elevado do Joá ajudam a criar um novo estilo de vida na Barra

Chegar a Barra até o início dos anos 70, vindo da Zonal Sul, não era fácil e além disso demorado. O acesso só veio a se tornar rápido com a construção do tunel e do elevado do Joá na década de 1960 e início dos anos 1970.

As duas fotos dessa postagem são da década de 1960 e pertecem ao acervo Ayrton Luiz Gonçalves. Elas mostram a construção do viaduto sobre o canal da Joatinga para acesso ao tunel do Joá e a contrução do elevado.


Essas obras foram das do tipo que criam um novo estilo de vida no Rio.

Elas tornaram viável a implementação de grandes condomínios, começando por Nova Ipanema, Novo Leblon, Barramares, Atlântico Sul e muitos outros.

Para a cidade esses condomínios eram um novidade pois consistiam de uma mistura de áreas residenciais, clubes esportivos e áreas de lazer.

O sucesso desse novo estilo de vida resultou em uma explosão imobiliária na Barra que permanece até hoje.

Críticas existem para as gerações que nasceram e cresceram neles. Muitos dizem que elas praticamente desconhecem o restante da cidade, o que não deixa de ser verdade em muitos casos.

Da mesma forma que seriam alienados em relações a uma série de problemas sociais que o Rio enfrenta, como o crescente processo de favelização, por exemplo.


Não consigo me lembrar de nenhuma via atual que tenha essa característica de criar um novo estilo de vida tal como o elevado e o túnel do Joá ajudaram a fazer.

Fala-se muito de Lúcio Costa mas na verdade o primeiro planejamento oficial foi feito em 1951, prevendo a união dos dois extremos da Barra, chamado de Plano de Diretrizes para as Vias Arteriais da Planície de Jacarepaguá, a cargo do engenheiro Hermínio de Andrade e Silva.

Nesse plano as principais vias atuais da Barra já estavam contempladas. Em 1969 o arquiteto Lúcio Costa aproveitou quase totalmente o que previa o plano, para estabelecer as linhas gerais do Plano Piloto



Estrada do Joá na década de 1940 - um difícil acesso à Barra

Parece surpreendente ao carioca atual saber que o Recreio dos Bandeirantes foi "colonizado" antes da Barra da Tijuca. Afinal o Recreio ainda tem muitas ruas de terra enquanto a Barra já é muito mais urbanizada.

Mas a história não nos deixa mentir: a partir dos anos 1920 começaram a ser loteadas e vendidas glebas no Recreio. O que levou o pioneirismo do Recreio foi a maior facilidade de acesso pela estrada dos Bandeirantes, apenas reconhecida em 1947, mas que na verdade formou-se muito antes com a união de vários caminho tais como o de Curicica, Guaratiba, Vargem Pequena e Vargem Grande, existentes desde os tempos coloniais e utilizados para o escoamento da produção de açucar concentrada nas vargens. Era a única forma de se chegar ao Pontal

Na Barra, na extremidade oposta ao Pontal, o local conhecido como Barrinha era isolado e somente acessível, com muitas dificuldades pelas quase intransitáveis estradas de Furnas, Gávea e Joá. A foto abaixo mostra o aspecto da estrada do Joá na década de 1940.




É possível que devido a dificuldade de acesso, a Barrinha e a estrada do Joá tenham sido escolhidas para a construção de um grande número de motéis. Nesse caso, e ainda mais se tratando de pessoas conhecidas e/ ou comprometidas, quanto mais longe e menos frequentado um local melhor para servir de palco para aventuras amorosas...

Ainda demoraria muito para o Oswaldo e suas batidas entrarem no circuito da "night carioca"....